Olhei pro passado de onde me iludi,
quando eu me cobria de risos, evitando me ferir.
Vi que ali pouco de mim ainda habitava,
lentamente aquela alma leva, pesada se transformava.
Sonhei, vivi numa ilusão,
mas não me arrependo, não sonhei em vão.
Meus sonhos me ajudaram a persistir,
e atravessar barreiras que eu não pensava existir.
Hoje eu tendo me desafogar desse rio,
esse rio de lágrimas com pitadas de risos.
A casca já não suporta, meu sangue derrama,
o que me separa da morte é só os alguéns que me amam.
E mesmo nesses bravos espíritos,
que evitam de me ruir,
ainda os protejo de segredos,
que sei que dilaceraria ouvir.
De um dia, eu que pensava ser cientista,
alcancei o que sonhei.
No entanto a plateia bonita,
nunca existiu, como eu imaginei.
Com a gana de um suspiro mortal
me agarrei em cordas tão finas.
Não puderam me segurar nem evitar a ferida.
Desde o inicio, eu nem sabia, mas já era final.
Talvez final nem fosse, porque não existia.
E hoje só me resta os textos que escrevo....
Que, em muitos que um dia leram, já não persiste vida.
Ao menos o céu cinza eu ainda vejo.
E com o tempo descobri que buscar amor é burrice,
que deve-se aproveitar o que existe e sempre há.
O importante mesmo é se permitir o amor onde há o amar.
Eu vou embora daqui, agradeço a todos pela companhia.
Desde os fantasmas que já se foram, daqueles que causaram feridas,
tanto das pobres almas que me amam e me acompanharam.
Vou pra onde eu caiba, pra onde não tenha que me podar.
E se você leu isso e pensa que é impossível.
Te alerto, é imprescindível!
Se tu achas que não tem lugar onde te acolha, saiba que sempre existe um lar.
Espero que um dia, possas encontrar!
17 de julho de 2021
Sem Título 123
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