23 de março de 2017

Na verdade não

Ah roan!!! quanto tempo não falo contigo meu grande irmão! Como você vai? Aqui está simplesmente um caos, com todo direito de sê-lo. Vivendo uma vida nova, estou em outro estado realizando aquele sonho que você sempre viu em mim, mas nunca me disse. Mas é difícil.

Permita-me lhe contar alguns percalços: as pessoas são ambíguas e severamente hipócritas...Em minha partida, coletei lágrimas e juras de saudades extremamente densas e profundas...estas tão repletas de abraços e acalantos que me fez cair em desgraça e dar voto de confiança. Fora um punhado extremamente escasso de seres que se comunicam comigo (talvez duas pessoas) algumas vezes e de meus iluminados pais (que, mesmo com tantos percalços, trouxeram me aqui e me aqui e choraram minha estadia com a profundidade que só um amor dado a vida é capaz de fazê-lo) nenhum outro ser demonstrou qualquer interesse em manter contato, mas meu irmão, com o brilho de seu gládio, ilumine-me e diga: por que eles mentem em se interessar se na verdade não querem de fato expressar?

Qual o problema das pessoas em agirem dessa forma? Andei perguntando em minha solidão mais constante nesses últimos dias e não vejo nenhuma resposta que justifique as pessoas serem secas, ou então piores: agirem como atores que se importam contigo, mas em primeira oportunidade estraçalham o próprio discurso. Será isso uma falha de caráter delas? Ou nem elas mesmas sabem no que estão envolvidas? É tudo amargo a não ser o céu daqui, que é o mesmo do de lá, embora brilhe para outras luzes.

Outras vezes penso que o assunto se tornou mais denso do que o que consigo aguentar...Será que é este o fim da linha? é impossível amadurecer mais que isso e todos nós temos limites para a amadurecência? Falhei e nada posso fazer? Não sei Roan, não sei...É tudo difícil de compreender e mando-lhe essa carta sem esperar alguma resposta (afinal somos a mesma pessoa, assim como o Dante e se pudesse me aconselhar, eu já teria resolvido e contornado a problemática), mas apenas para dividir um pouco da dor para com quem eu sei que ouvirá minha prece.

Mas não penso em desistir, não ainda (embora seja desistimulante ouvir que tudo é necessariamente difícil e complexo, aliás, qualquer depoimento sobre a graduação é ignorado, os alunos mais antigos formam um sistema que massifica o aluno novo como burro e desconhecedor). Os dias seguirão, logo essas duas semanas tornar-se-ão meses e depois o programa todo. E você meu grande amigo? como está? o que conta de novo? Aguardo sua brevidade na carta pois sei que é o único que me responde de maneira tão fidedigna quanto eu falo contigo. Abraços do seu aprendiz, Deni.

Se cuide Templário
e se der, cuide de mim um pouco.

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