Eu procuro me preocupar ao máximo com os meus amigos, não por obrigação e sim por interesse, gosto de ter a consciência que eles são parte da minha vida, de que são pessoas importantes que posso confiar. Ainda é mais estranho porque eu não tive amizade na infância, ao menos não com a intensidade que tenho hoje. Aliás se você me conhece do passado infantil e está vendo essa postagem, não tenho nada contra você e até agradeço se já me fez algo no passado, de bom ou ruim...Eu apenas não senti amizade da forma que eu sinto atualmente, com a cooperação e altruísmo que eu noto nas pessoas para comigo, ao menos na minha visão.
Tento corresponder a isso, aliás, muitas vezes sou eu quem começa esse laço inicial de amizade, geralmente eu sou o cara que vai atrás dos amigos, provavelmente porque não tive nenhum por muito tempo. Acontece que isso cansa com o passar do tempo, notar que é tudo do seu lado, da sua iniciativa faz parecer que se você não fosse atrás daquela pessoa ela nunca viria atrás de você. Você se torna de certa maneira subserviente ao meio externo. Mas o medo de perder o pouco que tenho é mais forte e geralmente acabo assumindo parte desse papel.
De uns tempos para cá eu acabei me entendo mais, me sentindo mais comum e vendo que não sou um "e.t" como pensava. Mas as coisas permanecem confusas na minha cabeça. Isso porque alguns amigos que eu estimei por muito tempo, anos pra ser exato, simplesmente sumiram da existência. E eu sofri com isso, estou sofrendo. Não só porque não entendo a situação como um todo, mas por perceber que isso pode acabar acontecendo com qualquer outro amigo.
Eu sei que nascemos sós e morreremos igualmente sozinhos. Mas qual o sentido desse meio envolver a amizade? não seria como garantir alvoradas agora que transforma-se-ão em sofrimentos amargos em outro momento? Eu não sei responder isso, porque parte de mim luta veementemente para ter amigos e para manter os que assim denomino. Amizade é uma coisa fundamental na vida, mas eu não sei dizer se a minha amizade é uma coisa fundamental na vida de outras pessoas.
Eu queria ser amargo...uma vez ser frio...apático, livre de qualquer sentimento caloroso, só pra experimentar se isso me faria sofrer menos. Se eu poderia viver mais plenamente do que ficar me envolvendo em tantas ocasiões depressivas. Eu queria também não sofrer pela dor do outro mas do que a minha, ter um amor próprio mais evidente, sabe leitor? Eu queria menos. Mas não deveria querer, deveria encarar isso com mais coragem.
Muito provavelmente esses pensamentos são desordenações da minha cabeça, devido ao momento tedioso que passo nessas férias (fugir do cotidiano sem um rumo fora o meu lar, me entristece sempre nesses meses de dezembro/janeiro).
De toda forma eu sempre gostei muito desse aforisma de um filósofo chamado Epicuro:
"O homem de sentimentos nobres aspira antes de tudo a alcançar a sabedoria e a amizade. Esta é um bem efêmero, aquela, um bem imorredouro"
Eu sempre entendi o sentimento de que o saber fosse algo imortal, isso porque uma mente que abre-se para novos pensamentos, jamais retrocede ao que era antes. Mas, mesmo sendo meu aforismo favorito, nunca concordei com a efemeridade da amizade, acho que entendo agora, ao mesmo tempo que nada vale nada, tudo que aqui está é mero passar que será consumido e reduzido a pó pelo tempo, isto se, antes não o for reduzido por uma das essências mais destrutivas do ser humano: o desinteresse.
Leitor, ninguém é de ferro, somos programados pra cair.
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