20 de setembro de 2018

Sem Título 112

O estranho chega na praça de alimentação,
Uma rotina já usual
Não esperava encontrar uma menina que então,
O faria refletir afinal.
Ela comia enquanto ele ouvia músicas.
Ele se espantou, quando num olhar qualquer,
A viu contemplar de maneira rústica.
O concreto estático sob seu pé.
Ela olhava para o nada, um olhar sincero.
Havia conversa em torno dela mas ela não ouvia.
Refletia parada sobre o almoço, o refresco, o mistério...
Ou que sabe procurava onde andava sua alegria.
Ele ficou fascinado com ela
Sua esposa eterna às 18:50.
Já se contentava a estar contemplando-a
Sabia que nada dali seria dado sequência.
Mas o que mais o chamava atenção era seu puro desinteresse, encarando-a.
Ele queria escrever sobre o que sentia.
Que entendia o vazio que ela via.
Que poderia ajudar a entender a melancolia.
Na certeza que nunca ter-se-á alegria.
Mais uma colherada e tudo acabaria.
Ela levantara e saira.
Ele queria amá-la, mas não por luxúria.
Amá-la porque ele viu nela, pelo vazio ternura.
Ele escrevia em pé, na saída da dita praça.
Talvez Fernando pessoa o recebesse com graça.
Ele já não teme ser tão esquisito.
Pior é aquele que se nega a tudo isso.
O louco canta e grita na rua: Sofro, mas estou vivo!

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