7 de julho de 2018

Sem Título 110

A gente percebe depois de um tempo que tá cansando
A gente simplesmente se cansa
E hoje eu tô enjoado e enojado da ânsia
de ter por tantos me esforçado.

A gente cansa de insistir em amizade
e ver que não tem retorno
de regar com amor e decoro
palavras que sempre ecoam superficialidade.

A gente cansa da rotina
mesmo que seja tão metódico
pois não fazer o óbvio
começa a ser alegria.

A gente cansa de argumentar
se a gente nunca é entendido
ou quando nunca é ouvido
mas sempre te querem pra escutar.

A gente cansa de ser gentil
com o mundo sempre apunhalando.
Como cão, em uivos amendrontando
toda forma que já existiu.

A gente cansa de se dedicar
e ver que não tem nada em volta
alguns dizem que não vale a revolta
que não se deve se expectivizar.

A gente cansa do bom dia,
da ajuda amiga,
do abraço acolhedor,
sendo que no frio, nunca vem calor.

A gente cansa de esperar algo
de chamar pra sair
de torcer pelo existir
de quem jamais tenha tentado.

A gente cansa de tentar entender
de abstrair de paranóias
mas as vezes as coisas são óbvias
e se finge não perceber.

A gente cansa de insistir,
de calar a mente
de só o coração ouvir.
Quando eles apenas mentem.

A gente para e percebe
que se vale um pouco mais
que quando toda a confusão se desfaz.
sou eu quem lágrima, bebe.

A gente cansa de dar afago
atenção e bondade
a quem tem o mínimo esforço
e parece já estar na metade.

A gente cansa porque nos cansam
e me cansam porque não querem se cansar
Ainda que eu corra mil os campos que lançam
nem meia palma por mim vão caminhar.

A gente cansa de chorar
de se fazer de mínimo
de se sentir vazio
pelo amor não chegar.

A gente abraça o ódio,
a tristeza e a solidão
porque dentre os males sórdios
há aqueles que sempre estão.

A gente cansa e eu quase explodo
nesse cansaço infernal
mas se eu explodir sou eu mesmo
que cato meus cacos no final.

A gente se cansa e eu cansei
já basta de mendigar o amar
que ele procure outras casas
porque na minha, porta já não há.

A gente se cansa e eu cansei
prometo o que estou dizendo
vocês não verão mais meus lamúrios
nem dizer que não estão me entendendo.

Minha subjetividade, minha arte
são quem eu sou
não vou trocar meu estandarte
por quem nunca me observou.

A gente cansa e eu quero descansar
mergulhar no meu vazio existêncial
porque de todas as pragas que me afetam
essa, abraça-me, até o final.

Prefiro então excluir-me
mas desta vez sem invenção
sem dante ou roan,
apenas deni, em emancipação.

Que minha solitude se propague
em cânticos, perceptivos
e que quando tu leres isso,
já não esteja perto de teu ouvido.

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