26 de outubro de 2017

Sem Título 100

Se eu fosse me matar escreveria algo dramático
De fazer cara malvado chorar
moça falante se calar
palhaço ficar sem ato.

Eu diria que nenhum de vocês me ajudou em algo
que todo o tempo foi perdido, vago.
que é visível a cara de nojo de vocês...
E que dói dividir espaço, talvez...

Também falaria que minha sinceridade é minha cura
Que meu silêncio faz bem pra tu, mas também é tortura.
Diria que tudo se resume a presenciar.
Que eu, o otário, só sirvo pra consolar.

Eu diria que sou amigo de uma noite, como brasa.
Na verdade lembrado apenas quando já nem tem graça.
Eu morreria com um sorriso amarelo, mas satisfeito.
Falei tudo que queria da angústia do peito.

Mas vocês é que não percebem a peça que jogam
que se acomodam em outros seres humanos
que se acomodam em outros seres mundanos
que se acomodam em outras peças que jogam.

Tô arrumando minh'alma pra jogar fora
mas ainda tô com a casca dura, fria e vazia.
deixei todo aquele sentimentalismo pra trás
se fosse pra ser coisa boa, viria como paz

Mas nada disso veio, eu percebo tudo.
Mesmo cego e surdo eu te vejo e te escuto
sei se todas as merdas que você esconde no tapete
e sei de cada vez que tu finges o interesse.

Minha alegria é rodear-me de natureza
mesmo que seja algo tão passageiro
é ver que mesmo apanhando, aquele guerreiro
não se cansa de reconstruir sua fortaleza.

As vezes fico depressivo lembrando que tu prometeu...
prometeu que falaria mais comigo, que se lembraria d'eu.
Mas eu me misturo em grito e silêncio.
Aprendi o maai e respeito teu isolamento.

Enquanto tu não voltas eu viro poeira viajante.
viajo em mundos muito muito muito distantes
Eu virei um andarilho...eu sinto, choro, sangro isso.
E sinto que em cada passo me afasto do fixo.

Se eu fosse morrer eu até lamentaria
como uma alma tão independente
se deixa levar tão de repente
esperando saudade mundana?

Talvez daquela linda donzela,
com sorriso dourado.
E também daquele jovem herói
que há tantas tem se livrado.

Se eu fosse morrer eu iria escrever
um texto esperando e espalhando
cada falta de consideração de vocês.
Eu diria que sinto, cada abandonecer.

Se eu fosse morrer eu com certeza lamentaria
mas no fim não por mim e sim por vocês
sem eu, o cara ruim da história
de quem seria o abandono da vez?

Se eu fosse morrer eu diria
que tudo foi perdido
mas acordei e vi agora,
não vou morrer por raça maldita

Isso não é um fim, é quase um novo começo
não se preocupa que eu sou criança
brinco, destruo e cresço.
Tudo acaba em desesperança.

Toma cuidado, eu tô me levantando
batendo a poeira da cara
tô arrumando meus panos.
E apenas ninguém é quem eu tô esperando.

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