19 de fevereiro de 2019

Sem Título 115

As únicas palavras que escuto ecoam das correntes
as únicas mágoas que me atigem soam como enchentes
Em minha executável execução executo o exercer.
Encaro aqueles que cospem e meu rosto, desde o amanhecer.

É meio dia e meu único desejo é a morte.
Morte de ideias, morte de princípios, morte da sorte.
Imploro pra que o carrasco limpe a lâmina
garantindo que do espírito não sobrar o ânimo.

prenderam-me de falar, mas aqui ainda grito.
Prenderam-me de lutar, mas penso, ainda existo.
Destruíram minhas vestes por um traje subalterno,
Pensam que dominam o mundo em seus ternos.

A moça me olhou com pena, querendo um segundo de lamúria
Eu já entendia e em meu olhar respondia, que engula sua perjúria.
Não me bastas isso, eu quero minha liberdade,
O pecado maior foi tirarem minha força de vontade.

De certa forma eu até acho engraçado
Em poucos segundos eu estarei sendo libertado.
Eles, uma pena, padecerão em seus míseros estados.
Mas estão mortos nas suas pelas consciêncas de quem os tem tomado.

O executor acaba de pisar no chão preto
consigo ouvir de longe os clarões,
das estruturas que me prederam por tanto tempo
sinto como se fossem cômodos de mansões.

Ao fogo que ateiam, sinto meu espirito se renovar,
morro desta via miserável, pra em outra existência encontrar.
Vestígios que façam minha pós-vida mais alegre.
Além das cinzas que, ainda crente, posso presenciar.

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