Quando a realidade me acorda
E a noite se aproxima.
Quando reparar a alma quasi morta.
Percebe-se a beira da ruína.
Essa cidade fria nesse planeta qualquer.
É solidão que assola e humilha.
Capaz de perder qualquer fagulha de fé.
E esquecer qualquer memória bonita.
Bem vindo a terra dos solitários.
Somos muitos mas somos sós.
Completamente despidos de voz.
Distantes de qualquer coração que não tenha nos odiado.
Somos o cara que ri constantemente.
A menina que sempre é gentil.
O velhinho que dá bom dia as sementes.
O cachorro que dorme no frio.
Somos gritos e percebemos isso.
Vocês querem fica longe da gente.
A gente é muito cinza nisso...
Não podemos viver demasiadamente.
Nós vemos aquilo que vocês também vêem.
Mas nós não fingimos ver cegos.
Nós pensamos naquilo que vocês crêem.
Mas isso não nus torna menos céticos.
Somos restos de cigarros e fundos de garrafa.
Um grande amontoado de preto no canto da estrada.
Somos aquela ajuda a subir.
Mas que é só um degrau da escada.
Finjam que se importam conosco
Digam que vem nos visitar.
Sabemos que vão nos trocar por amigos menos depressivos.
Ou transas com as namoradas.
A gente se deixa levar...no desatino.
Espera o outro falar. O outro se importar.
Espera. A gente vive de esperar.
Deixa a vida se reduzir a intemperismos...
E quando falarem conosco como anos atrás.
Agiremos cordialmente como se não machucasse mais.
Nossos olhos chorarão silêncios.
Já sabendo que tudo isso é passageiro e fugaz.
Desculpe mas você não pode vir com os "nocivos"
A gente mesmo não anda junto.
Seria um grupo de amigos vivos.
Mas a gente é só defunto.
Se você está aí ainda e sentiu esse frio...
Deve ser solitário como nós.
Deve sentir o vazio.
Já está pronto para ser um sozinho.
E quando quiser desistir e se matar.
Lembra que isso é esforço a toa, não vai melhorar.
Deixa a dor sair e começa a chorar.
É isso que faço agora até o dia raiar.
Porque a algo maior que tudo isso.
Inexplicável de explicar.
Um presságio de bons ventos.
Que demorará séculos para chegar.
Quando a realidade te acordar...
É a noite que se aproxima.
Quando reparar tua alma quasi morta.
Percebe-se-à beira da ruína.
Nenhum comentário:
Postar um comentário