Da pra atender esse telefone?
eu preciso falar contigo...
talvez você nem lembre meu nome,
mas isso não é nenhum motivo.
Me escuta, fala algum barulho.
ao menos diz que está ai.
Aqui é tudo frio e escuro,
Não há nada por aqui.
Você não responde mas eu vou te dizer...
tá tudo bem se só me escutar.
As pessoas aqui são cascas de vir a ser.
Que mais posso falar sobre o estar?
Eu quero ficar, mas quero ir embora.
Mas embora pra onde se eu não pertenço?
Como posso fugir na seguinte aurora
se não há porto seguro, nem começo?
Me exploram as mentes os ecos vazios...
não o eco dos outros, esses são muito baixos...
falo dos ecos de mim que gritam ao desatino:
do dormir de cada noite, do sair sombrio.
Eu quis parar, deixar de escrever...
responde essa porcaria de ligação!
Eu não vou mais insistir, deixa ser
como dizia, não consegui me emudecer...
Foram dias necessários e trabalhos passando.
Os estudos poucas vezes foram dores massivas
quando comparados as dores da vida
que batem quando o vento vem ventando.
Por isso escolho chegar tarde
acompanhado da noite
ela sempre está aqui, sem alarde.
Pra neutralizar algum açoite.
Tu não me disseste que se lembraria de mim?
Se importaria mesmo nas horas intranquilas...
Mentiste mas a culpa não é tua, sim?
Sou eu quem confio em demasia.
Ah mas eu também aprendi muitas coisas...meus "amigos".
não há alguém como a família...
Mesmo que nas mais amargas horas vindas.
eles sempre se prontificam ao meu ouvido.
Pensei em me calar e me desfazer disso...
Eu? Tu não vales tanto esforço!
deixa ser tua efervescente existência
que eu me adapto a outras essências.
Não serão mais utópicas e profundas.
O raio não pode acertar pela terceira vez...
eu já aprendi a lição, escuta:
"É preciso viver em si para viver o ser"
Eu tô desligando, mas quando quiser manda a mensagem.
que eu me faço de desentendido, entendo o teu perigo
e respondo com alegria de quem não sofre, sem maldade.
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