4 de novembro de 2016

Sem Título 86

Eu sou o cara de óculos escuros
que vive incompreendido.
Reclama de mil vazios,
mas nunca se sente fixo.

Sou as lentes escuras como a noite,
que escondem a falha da visão.
Sou tristeza de madrugada, o açoite...
sou o imaginar da depressão.

Sou a armação escurecida
e agora já corrompida pelo tempo.
sou um arranho, uma ferida
que não causa impedimento.

Sou o que fica com cara de mal
e um visual macabro.
Pra tentar disfarçar a final,
a pureza de um pobre coitado.

Sou o reflexo que bate bem a noite,
sou a transcendência da iluminação.
Sou aquele que pensavas que eu foste
mas não sou o que imaginas ter em mãos.

Sou o óculos que desiste dessa vida
e se joga a cegueira da visão,
sou a obra total desinibida,
colorida com a imaginação.

Sou o andarilho no fim de cada tarde
de pois de ouvir ideias contrárias
a solidão que aquece até que arde
mas prefere chorar sem ser notada.

Sou apenas as lentes escurecidas
de um rapaz metido a poeta.
sou viver que não sabe o que é vida,
sou a arte que não se completa.

Sou o colega substituído,
a canção agora esquecida.
Sou a piada reutilizada
e a raiva tão descomedida.

E no fim da noite sou sumiço,
o psicopata da série.
O andante de óculos escuros
que enxerga, mas não exagere.

Sou no fim apenas um presságio,
do que vai ocorrer a você.
Logo a lente é substituída
e você nem vai perceber.

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