31 de outubro de 2016

Sem Título 85

Mais uma dose, mais um gole
eu só preciso disso aqui,
estive em abstinência
e na jornada árdua, amadurecência.

Sinto a cada dia, saindo de mim,
eclodindo
as células descamam eu posso sentir,
me destruindo.

E nesse ciclo eu vejo falhas minhas de novo
como quando se olha a paisagem pela janela
todo dia tudo igual
mas pintado com outra aquarela.

O velho senhor que acariciava os dedos do pé do neto
como ele sorria
lembrou do avô que nunca tive
chorei na condução, mas ninguém via.

Logo após vi uma irmã, preocupada com seu irmão,
ele parecia um pouco irritado com a situação
por parte eu o invejava...que pensamento antigo!
a percepção de um ser não atingido.

Por aqui tenho que aprender coisas banais
como quando usar os termos técnicos primordiais
pra escrever um texto que tudo já se sabia
e perder-me de toda a possível poesia.

Eles só veem a casca, o palhaço, o ato, o mato alto.
Eu não sou nada disso, sou música, lágrima e loucura...
um pouco disso regado de um jeito nato
de levar a vida fora da normativa postura.

Os amigos confiam-me segredos banais,
mas poucos entendem a minh'alma atrás.
Poucos arrancam-me a franqueza do choro
e menos ainda são os que entendem seu coro.

É tanta coisa pra sentir Roan...estou com medo
você ainda aparecerá na minha cabeça ao anoitecer?
É tanta coisa pra sofrer Nathan...desculpe o apelo
eu conseguirei ser o irmão que você merece ter?

Eu sinto que um dia essa massa toda tende a se perder
seremos apenas retratos que talvez nossos filhos possam ver.
serei tido como muitos "acho" e pouco "penso".
Alguns duvidarão da minha fé.

Penso apenas no momento de partida,
É sofrer por antecedência?
Mas se já doloroso viver longe perto
imagine longe e sem consistência!

Eu só penso que as vezes pode dar tudo errado
eu trocaria com Roan, seria eu o imaginário
sumiria quando tudo sair do controle
seria apenas um som mudo da noite.

Perdi o controle dos meus olhos,
as lágrimas são constantes como respirares
A depressão profunda que me abate
não é ofuscada nem pela melodia de mais alto amar-te.

Alguém me avisou que não posso desistir
mas sair da zona de conforto é sempre o primeiro passo,
como o primeiro a pisar em brasa.
A busca constante pelas próprias asas.

Os amores das mulheres vem em ondas remissivas,
umas dizem te adoro, com fragilidade massiva
outras desistem, insistem, surtam e perdem-se de vista
deve não ser o momento, dado a dúvida maldita.

Perdão se o texto estiver ficando grande
ou se eu já tiver gaguejado...
mas é tanto pra falar que minha garganta não esta pronta
pra desaguar em palavras todo o pensado.

E dentre os pensamentos que me norteiam digo:
A distância e ausência de um amigo distante
nunca se preenche com outro.
O viver torna-se amargamente um conviver com um certo vazio.

Penso nas possibilidades e na aleatoriedade...
essa distância parece ser simplesmente natural
visto que cada um deve cuidar da própria vida.
O difícil é aceitar que a presença é momento.

E se eu tiver que ir embora?
O que ficará aqui?
E se eu dever ir embora...
Alguém lembrará de mim?

O caminho é duro
e a única escolha é a solidão...
se me perco do trilho,
lembro que meu único certo destino:
é ser andarilho.

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