1 de janeiro de 2017

Sem Título 87

Mas fazem séculos que procuro essa ignição;
esse pavio que força a escrever
não é apenas uma simples tradição
e nem sempre é movido ao sofrer.
Foi um desconhecido da rua que moveu-me
que me atraiu-me ao discurso com poucas palavras,
que no seu estoicismo frio acabou por esquecer-me
e manteve-me estrebuchando como gato morto em calçada.
É pedir demais não é?
é implorar hemácias ao se pedir um filósofo.
deus me livre de concórdia e parcimônia em fé.
quero a discórdia que me mova pra fora do óbvio.
É suspirar um ar rarefeito
pedindo que as pessoas sejam mais sãs.
noto que possuo esse defeito,
em querer ver a vida numa ótica fora do divã.
Mas o bucolismo incomoda, não é acadêmico,
a verdade doí demais pra ser verdade,
a mentira é tão bela que quase deixa de ser falsa,
e atrai mais adeptos a todo momento.
As vezes o egocentrismo me ataca;
E penso que a humanidade é fraca,
Será que estou fadado a viver só aqui,
Rodeado de anencéfalos imbecis?
Por que claro, temos que ter os colegas a todo momento...
Pena que os irmãos têm aparições tão belas quanto efêmeras.
E nos sobra apenas a reflexão serena,
Como única companheira até o eterno momento.
Sucumbo-me ao silêncio, velado ao riso dos demônios incompreensíveis.
Rio um pouco e entro no inferno deles.
Mas sei sair, isso eles não sabem e não são capazes de descobrir.
Que o prazer é muito mais que corpo ou o nutrir.
Mas o cansaço invade-me a tal ponto que sou incapaz da réplica...
Deixo eles pensarem o não pensar que quiserem.
Deixo eles mentirem como se atacassem todo meu espírito.
Deixo eles serem suas tréplicas...
Ao menos pude desabafar um pouco com o papel.
Por que ainda sou insistente à ponto de achar.
Não devo ser o único que vê esse céu.
Deve existir mais alguém que consiga pensar.

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