18 de fevereiro de 2016

Sem Título 76

Finalmente depois de tantos dias sofridos
de mil partos nascidos
pude então voltar a escrever
mas vejo que algo drástico irá ocorrer.

Começou com aquele desapontamento
como alguém que me ajudou a construir um sonho
foi tão incisivo em seus fracos apontamentos,
em caracterizar meu ser como algo medonho.

Surtei e acabei ficando mal por dias
adoeci e me coloquei num dos mais baixos níveis de melancolia
com um apreço cinéfilo pude desaguar
aqueles atores não souberam o quanto iriam me ajudar.

Juntei a dor física com a dor emocional
e usei a solidão como artifício
agora começo a andar de uma forma artificial
mas não sei dizer se a mudança foi benefício.

Por uns tempos fiquei incrédulo e me despi de tudo
sonhos, metas, amigos, irmão, músicas
me vi como um autêntico vagabundo
e me sinto convidado a um eterno caminhar.

Aos poucos pude reestabelecer conexões
uma mente turva e enebriada, tentando ligações
como pudera eu ter mudado tanto?
e pra onde eu iria sem nenhum tipo de plano?

Logo eu que sempre fui tão encasquetado
parte criança e parte tentando ser
hiperuranicamente sempre tão elaborado
o espelho me olhava e eu não podia ver.

Mas agora sinto um leve conforto ao voltar a escrever
um senhor ninguém em uma outra linha temporal
ou um donnie darko que sempre soube o que fazer
talvez Maximillian Cohen ainda não pefurado afinal!

Preciso me reerguer, não por buscar imagem bonita
mas por ter consciência da dramaticidade da vida
que depois do abraço milimétrico, espezinha com sede voraz
como criança que queria o brinquedo...e não quer mais.

Com novos rumos e com essa decepção
pude enxergar o meu eu com grande nitidez
e se antes ainda existia inquietante confusão
agora não há mais nenhum sinal de insensatez.

E tinha razão quando era criança e profetizei
disse a uma colega do colégio, que já deve ter esquecido
durante o recreio do colégio, um momento fora da lei
disse que depois dos 21 anos, não existiria de fato.

E morri em janeiro junto com tantas outras pessoas
com sonhos, metas, amigos, irmãos, musicas,
e nasci em fevereiro como tantas outras pessoas
desesperadas, confusas, decididas e norteadas.

Não estabeleço mais nada sobre mim
não existo com nenhum conceito de culpa a viver
aceito minha melancolia e inquietude... assim...
e acho que mais feliz é o solitário que sabe o que é ser.

Ser é ser percebido, mas também se perceber
que cada átomo desse sistema enlouqueça ou neutralize-se.
Que esse processo de morte possa existir em cada um, por assim dizer
A solidão é remédio e amiga, basta entender o que ela disse.

Obrigado pelo que fizera de mim
eu pude fazer muito com o que fez de mim
pude esquecer cada frase e lembrar de cada tom
pude esquecer de cada som e lembrar de cada palavra

Volto por fora com toda a casca conhecida
uma desidratação molecular,
mas que é saciada com momentos próximos e distantes
dos meus amigos, do meu ser
próximo e distante
próximoedistante
p r ó x i m o    e    d i s t a n t e

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