23 de agosto de 2015

Sem Título 70

Há certo tempo, algo extranho acontece
não sei se é algo bom ou ruim, mas de fato fortalece.
Estou numa estafa social desgraçada
quanto mais longe eu estiver, melhor é a morada.

Além disso me falta forças para escrever,
as vezes poemas surgem e não consigo transcrever
vem um nó na garganta, um pre-jugamento
acabo engolindo letras, como quando era pequeno.

Ainda além disso estou discordando do que concordei
greves, notícias, posições políticas, tudo disconsiderei
nem tentei levar em conta o que me falaram de conselho
como, falas de sanidade, se vives em devaneio?

Como proclamas que amor não é tão importante
se sempre estás com o teu amor latente?
Como pregas o apreço a solidão,
se exclui os outros da sua visão.

é um mundo hipocrita
e eu sou aquele bêbado que ninguém se importa
que fala 15 centavos de loucura e se cala
dorme no frio da rua, por meia madrugada.

E me gritam, me consolidam como um produto
possuir defeito, ser um problema é só o que escuto
mas acham que isso não é tão importante assim
o julgamento primeiro é melancólico, me chamam assim.

Pois se for que seja, negar que sofro porquê?
é muito mais doloroso aquele que se fere e não vê.
Deixe-me com meus detalhismos e observações minimais.
Característica minha, indentidade, não fujo, não mais.

E tu te lembrarás de mim de alguma maneira
seja como santo ou com diabo que esperneia.
e quando morrer, na autópsia o médico dirá: eu sabia.
E abaixo da minha pele estarão escritas 10000 poesias.

todas assim com metrica pobre e rima fajuta.
discutindo assuntos diferentes em cada curta.
Mas não desistindo de escrever sem razão.
Que mal tem fazer o que manda a sensação.

Esse estado triste, esse sentimento decrescente
essa visão retorcida, da inexistência urgente.
Nada mais é que um eco do reflexo do outro.
Pro céu eu não irei, mas o inferno é pouco.

E mesmo que eu não mais fale
Mesmo que eu me cale,
mesmo que eu fique cego
que me jogue de um prédio
mesmo que eu fique surdo
pra combinar com ser mudo.
Eu gritarei. Eu berrarei minhas pragas vulgares
eu direi que não gosto sem nenhum alarde
ou com todos, no café da tarde.
Pois pretensão a ser o não ser eu não tenho
tudo que eu tenho é palha de coqueiro no vento.

E então, depois de me recompor
sorrio como se tudo fosse indolor
sigo ajudando como se não precisasse
porque se eu não fosse eu, mesmo que gostasse
seria eu de novo, só de pirraça
com todas as mazelas e desgraças
mas seria eu, só pra caçoar do mundo
esperando o momento que ele pise e mim.

E eu estarei bem, ou direi que estou
mas só com um nó na garganta,
não adianta querer ouvir, não adianta
pois só quem sabe o que se vive é quem chorou.

Além disso me faltam forças pra escrever
vem um nó na garganta, gosto ruim e amargo
bebo com o silêncio e: vai dormir soldado.
Pra amanhã poder brincar de ser.

O barulho do silêncio é tão belo quanto
o silêncio do barulho.

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