29 de abril de 2017

Sem Título 92


O ser deve ter, antes de mais nada,acometido todos os erros possíveis em convivência ou em sociedade para ser taxado como escória a ponto de ser evitado. Mas meu erro parece ser o fato que mais me orgulho: minha personalidade.

É impossível entender
como é possível o ser
ser tão banalizado e excluído,
simplesmente por estar vivo.

Cada silêncio e cada dor repentina
Foste isso o que reservou pra mim vida vadia?
Devo como tarefa heroica:
ser bondoso e pisado com todos a minha volta?

Eu devo tolerar calado
comentários infundados, dizeres malditos
as vezes eles fazem isso até contigo...
e tu te calas e mantem-se em estado.

Evitado, exilado, é possível ver os olhares tortos. Como se eu fosse figura abstrata, arte desgraçada, filho dos destroços. Sou aquela mão amiga suja e cheia de feridas. Que ajuda e ampara, mas logo após é esquecida.

É mais fácil viver com os olhos fechados
procurando lazeres em breve momento.
Não é possível que todos prefiram esquecer
do que simplesmente encarar o próprio ser.

Sou capaz de listar cada defeito que tenho
como ele surgiu e porque não retirá-lo
Mas fazer isso seria me por em risco
é sempre perigoso dar armas ao inimigo.

Também anote ai, nobre desconhecido:
é incorreto criticar, ou ser contra o indivíduo.
mas convém ser ignorado por ser novo no visto.
e, principalmente, enterrar a palavra amigo.

No meu trabalho tudo acontece de mesma forma, posso ser passível e amável, para em seguida ser pisado, destroçado e lamentado. Sou a figura que é nociva, tóxica, que se alimenta do bem estar alheio, vomitando carniças e mal estar.

Dizem "quando você vai voltar?"
com ares de saudade e alegria.
mas querem saber que horas vou retornar
para aproveitarem a felicidade que este lhe tira.

é fácil fechar os olhos e ver cada mísera pedra
de exílio, silêncio, abandono e pouco caso.
E prometo construir uma avenida reta
com cada desespero, chorar e ato.

Eu vou sair mal daqui
eu quero fugir agora
mas a música me acalma
e me diz que a vida melhora.

Por fim eu seguirei como anteriormente, todos adorarão minha presença, mas meu falar e meu silêncio serão sempre incógnitas incômodas inconstantes e irreversíveis. Mas meu chorar começa a secar, meu riso é cada vez mais fajuto...

Pai, mãe, eu talvez falhe
termine isso tudo, mas talvez não.
Ainda que receba um título que me cabe
deixarei de ser aquele que foi filho, em vão.

irmão, eu perdi minha armadura,
ela está rachada e eu estou sangrando.
não fiz o que poderia ter tentado
mas sinto meu espirito se arrancando.

Eu falhei com todos, mas sigo em sucesso.
Eu me calo para todos, mas grito dentro da chuva
Eu ajudo todos, mas aceito a ingratidão do verso.
Tu poderás me encontrar, chorando sozinho na rua.

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